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O texto encenado e suas características linguísticas

Ao nos referirmos sobre o adjetivo "encenado", este nos remete à ideia da representação. Tão logo o contextualizamos à dramaturgia, que, semelhante à história narrada, compõe-se de determinados elementos imprescindíveis à sua realização.

Tais elementos estão relacionados à existência de personagens, a um determinado tempo e espaço, e, sobretudo pelo fato de que o desenrolar dos acontecimentos condicionam-se a um enredo. Todavia, apresenta divergências no que se refere ao narrador, pois não se trata mais de um relato de fatos, e sim de uma representação.

Esta representação é realizada mediante a ação dos personagens, os quais se movimentam de forma dinâmica e interativa com o público expectador, instaurando assim, um instinto de cumplicidade entre ambos.

Desta forma, o discurso é retratado por meio do diálogo, característica preponderante da referida modalidade. Sendo que este, geralmente constitui-se de um conflito caracterizado por uma oposição e uma luta de vontades entre os personagens, gerando com isso uma expectativa em relação aos fatos presenciados.

Além da presença física dos personagens, em que a ação se dá por meio da palavra aliada a uma linguagem corporal, como gestos, olhares, mímicas, pausas, entre outros, a dramaturgia conta ainda com a colaboração de alguns elementos, como cenário, figurino, sonoplastia, contrarregra, iluminação e maquiagem.

Quanto à linguagem, a mesma se adequa tanto ao público-alvo quanto ao enredo, ora traduzidos pelo discurso sob a forma direta, em que o tempo está ligado à duração dos fatos, retratados de forma efêmera.

De modo a estabelecermos uma maior familiaridade com o texto em questão, analisaremos alguns fragmentos extraídos da peça teatral Viúva, porém honesta, de Nélson Rodrigues:


‘‘Tia Assembleia – Como tem passado, Dr. Lambreta?

Dr. Lambreta – Não me dê “bom dia”, porque estou cobrando até cumprimento!

(Vira-se o Dr. Lambreta. Muito míope. Vive esfregando as mãos e dando risadinhas como uma bruxa de discos para crianças. Só falta enfiar a cara no nariz da cliente, para enxergá-la.)

Dr. Lambreta – Quem é a senhora?

Tia Assembleia – Na se lembra de mim?

Dr. Lambreta – Sou muito mau fisionomista!

Tia Assembleia – O senhor é médico da nossa família há 45 anos e meu nome é Assembleia...

Dr. Lambreta – Já sei: a tia solteirona!

Tia Assembleia – Isso mesmo!

Dr. Lambreta – Tenho uma memória batata! E quem é essa figurinha difícil da Bala Ruth?’’

[...]


Torna-se importante ressaltarmos sobre a ocorrência em que uma determinada passagem do texto encontra-se de forma destacada. A mesma recebe a denominação de rubrica e sua principal função é retratar de forma enfática sobre a postura dos personagens, levando em consideração a transitoriedade relacionada aos sentimentos dos mesmos.

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Publicado por Vânia Maria do Nascimento Duarte
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