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Gestapo

A Gestapo foi a polícia secreta da Alemanha nazista criada da parceria entre Hermann Göring e Rudolf Diels e com sua atuação ampliada e refinada pela influência de Heinrich Himmler. Era função dessa polícia investigar e perseguir pessoas e grupos que os nazistas consideravam inimigos do Estado, tais como judeus e comunistas.

Leia mais: Noite dos Cristais – o grande pogrom contra os judeus na Alemanha, em 1938

Formação da Gestapo

Heinrich Himmler (usando óculos) foi o grande responsável por tornar a Gestapo uma instituição nacional na Alemanha nazista.[1]
Heinrich Himmler (usando óculos) foi o grande responsável por tornar a Gestapo uma instituição nacional na Alemanha nazista.[1]

A Gestapo foi a polícia secreta criada pelos nazistas com o objetivo de monitorar e perseguir indivíduos e grupos que pudessem representar alguma ameaça para o Estado. A palavra gestapo é uma contração de geheim Staatspolizei, termo em alemão que significa “polícia secreta do Estado”. A Gestapo foi desenvolvida à medida que os nazistas ganharam espaço na política e na sociedade alemã.

Primeiramente, a criação de polícias políticas, usadas para monitorar grupos que eram enxergados como ameaça, era uma prática comum dos Estados europeus desde o século XIX. No contexto alemão, essa forma de policiamento remontava à polícia secreta prussiana. Essa polícia surgiu no período da monarquia prussiana, mas continuou sendo utilizada pelos social-democratas durante a República de Weimar, entre 1919 e 1933.

A polícia secreta prussiana foi muito utilizada contra os dois grupos que agitavam politicamente a Alemanha na década de 1920 — comunistas e socialistas e conservadores extremistas, como os nazistas. No entanto, a ascensão nazista acabou fazendo com que membros do partido começassem a ocupar cargos públicos expressivos, e a perseguição aos nazistas enfraqueceu-se.

O ponto de partida para que a polícia política prussiana fosse cooptada pelos nazistas deu-se em 1932. Nesse ano, Franz von Papen foi nomeado para o posto de chanceler da Alemanha, e com isso uma série de mudanças aconteceram na condução das polícias. Uma mudança significativa ocorreu com a nomeação de Hermann Göring para chefiar a polícia secreta prussiana.

Os poderes de Göring eram amplos porque ele também era o ministro do Interior da Alemanha. Esse ministério tinha como principal atribuição cuidar das questões relativas ao policiamento e segurança da Alemanha. Por essa função, Göring aproximou-se do chefe da polícia secreta prussiana, Rudolf Diels. A parceria entre os dois é que levou à criação da Gestapo, mas também foram necessários alguns acontecimentos para que isso fosse possível.

  • Incêndio do Reichstag

O incêndio do Parlamento alemão foi usado como justificativa para acabar-se com as liberdades constitucionais na Alemanha.
O incêndio do Parlamento alemão foi usado como justificativa para acabar-se com as liberdades constitucionais na Alemanha.

Em 27 de fevereiro de 1933, o Parlamento alemão, chamado de Reichstag, foi incendiado por um comunista holandês chamado Marinus van der Lubbe. Sabemos que ele atuou de maneira independente, portanto, sua ação não fazia parte de nenhuma estratégia dos comunistas alemães e holandeses.

Especulou-se muito se os nazistas não estavam por trás desse acontecimento, uma vez que ele foi utilizado como justificativa para iniciar-se a implantação de uma ditadura na Alemanha. Adolf Hitler havia sido nomeado chanceler no dia 30 de janeiro e, menos de um mês depois, já criava mecanismos para acabar com a democracia alemã.

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No dia seguinte ao incêndio, 28 de fevereiro de 1933, o governo alemão anunciou o Decreto do Incêndio do Reichstag. Esse decreto acabou com uma série de direitos e garantias constitucionais e estabeleceu um mecanismo que permitia a polícia secreta prussiana aprisionar indivíduos independentemente se havia ou não uma acusação contra eles.

Esse mecanismo era o schutzhaft, uma espécie de “custódia protetiva” que poderia ser realizada pelas polícias alemãs. Esse dispositivo legal foi usado para o aprisionamento de pessoas que pertenciam a grupos perseguidos pelo nazismo, como comunistas e judeus. A argumentação era de que a prisão desses indivíduos era a forma encontrada pelo Estado para protegê-los da fúria da população alemã.

Isso era apenas uma falsa justificativa para o aprisionamento indiscriminado de pessoas a fim de que fossem enviadas para presídios ou para campos de concentração. Pouco tempo depois desse decreto, a Gestapo era criada por uma lei promulgada por Hermann Göring, em 26 de abril de 1933. Ele se colocou na direção da Gestapo, e a seção de assuntos administrativos, a Gestapa, foi entregue a Rudolf Diels.

Acesse também: Solução Final - o plano nazista para o extermínio dos judeus

Crescimento da Gestapo

A partir de 1933, iniciou-se um longo processo de disputa de poder no interior das facções nazistas pelo controle das polícias na Alemanha. A Gestapo contou com o apoio de Heinrich Himmler e Reinhard Heydrich, e ambos atuaram diretamente para a sua federalização. No período de 1933 a 1939, a Gestapo foi colocada sob a influência da Schutzstaffel, a SS, conhecida como tropa de elite dos nazistas.

Essa federalização foi a responsável por transformar a Gestapo em uma polícia secreta que atuava em todo o território alemão (porque, quando fundada, ela tinha autorização para funcionar apenas no território da Prússia).

A Gestapo ainda teve de lutar nos bastidores do governo nazista contra Wilhelm Frick, ministro do Interior, e contra a Sturmabteilung, a SA, conhecida como tropas de assalto. Ambos desejavam colocar a Gestapo sob seu controle e desejavam ter a primazia na ação policial da Alemanha. A influência de Himmler fez com que a Gestapo passasse a atuar nacionalmente a partir de um decreto de 17 de junho de 1936.

Nesse momento, a função que era de Göring estava nas mãos de Himmler e o papel realizado por Diels foi transmitido para Heydrich. À frente da Gestapo, Himmler reorganizou as polícias na Alemanha e enquadrou a polícia secreta como polícia de segurança, ou Sicherheitspolizei, no termo em alemão.

A Gestapo passou a atuar juntamente com a Kripo ou Kriminalpolizei, um grupo que trabalhava com investigação na polícia responsável por crimes de indivíduos que eram tidos como causadores de “degeneração física e moral”. Três anos depois, a Gestapo foi unificada com outras polícias alemãs.

Com essa unificação, ingressaram na Gestapo a Orpo (Ordnungspolizei), polícia da ordem; a Kripo; e o SD (Sicherheitsdienst), a agência de inteligência. Essas quatro passaram a fazer parte do Reichssicherheitshauptamt, o Escritório Central de Segurança do Reich, também conhecido por sua sigla, no alemão, RSHA. O poder desse escritório estendia-se a nível nacional.

Ação da Gestapo

“IMAGEM FORTE” A Gestapo também se envolveu em ações relacionadas com o Holocausto.[1]
A Gestapo também se envolveu em ações relacionadas com o Holocausto.[1]

Todas essas transformações fizeram da Gestapo uma instituição essencial no policiamento promovido pelos nazistas. Isso, logicamente, fez com que a polícia secreta nazista crescesse,  chegando a alcançar 32 mil funcionários espalhados por todo o território alemão. O historiador Frank McDonough, no entanto, fala que, apesar desses números, muitos locais da Alemanha não tinham atuação da Gestapo|1|.

A Gestapo estava organizada em seis seções, sendo que cada uma delas tinha um foco de atuação. Eram as seguintes:

  • Seção A: monitorava marxistas, comunistas, reacionários e liberais;
  • Seção B: monitorava católicos, protestantes, judeus e maçons;
  • Seção C: processava ordens de prisão preventiva;
  • Seção D: monitorava os territórios ocupados pelos nazistas;
  • Seção E: monitorava ações de espionagem na Alemanha;
  • Seção F: policiamento de estrangeiros e serviços de fronteira.

Era muito comum que os funcionários de algumas seções tivessem carreiras consolidadas na polícia, uma vez que suas habilidades com investigação seriam utilizadas para a finalidade dos nazistas. Os cargos de comando, geralmente, eram dados a pessoas com formação em Direito, sobretudo para aqueles que tivessem doutorado.

As diretrizes da Gestapo incluíam instruções sobre como conduzir-se uma investigação, existindo, inclusive, instruções específicas de como obter-se informações em inquéritos conduzidos por sessões de tortura.

A sede da Gestapo comporta atualmente um museu chamado Topografia do Terror.[2]
A sede da Gestapo comporta atualmente um museu chamado Topografia do Terror.[2]

Nem toda investigação conduzida pela Gestapo valia-se de prisões arbitrárias e tortura, mas esses meios eram frequentemente usados em indivíduos considerados “perigosos”. A sede da Gestapo em Berlim, inclusive, era conhecida pela população como centro de tortura. Atualmente, o local é um museu chamado Topografia do Terror.

Os membros da seção D estavam todos diretamente ligados com a ação dos einsatzgruppen, os grupos de extermínio nazistas. Era função desses grupos fazer o levantamento da população judia de certo lugar, localizá-la, reuni-la e executá-la. Os membros da seção B também tinham atuação relacionada com o Holocausto, pois localizavam judeus na Alemanha e enviavam-nos para campos de concentração.

Leia mais: Conferência de Munique - símbolo do fracasso na contenção de Hitler em 1930

Fim da Gestapo

Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Gestapo foi dissolvida pelos Aliados. Ela foi considerada uma organização criminosa e muitos de seus membros foram levados a julgamento. Muitos dos seus funcionários menores foram presos e pegaram um período de prisão de dois a três anos, e seus nomes mais influentes, como Himmler e Göring, foram capturados, mas cometeram suicídio.

Göring chegou a ser julgado e condenado à morte por enforcamento, mas ele, assim como Himmler, conseguiu ingerir uma cápsula de cianureto, o que levou ambos à morte. Esses julgamentos e prisões fizeram parte do esforço dos Aliados de promover a desnazificação da Alemanha após a guerra e julgar os criminosos de guerra.

Outro nome influente da Gestapo foi Heinrich Müller, que esteve à frente dos assuntos administrativos de 1936 a 1945. Acredita-se que ele morreu em algum bombardeio soviético nos últimos dias da Batalha de Berlim, uma vez que seus restos mortais foram encontrados em uma vala, em um cemitério na capital alemã. Durante muito tempo, acreditou-se que ele havia fugido.

Nota

|1| MCDONOUGH, Frank. Gestapo. São Paulo: Leya, 2016. p. 52.

Créditos das imagens

[1] Everett Historical e Shutterstock

[2] lindasky76 e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva

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