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Gentrificação

A gentrificação é um processo socioespacial caracterizado pela valorização acentuada de uma área urbana. Esse fenômeno contribui diretamente para o aumento da desigualdade.
Gentrificação e disparidade entre residências vizinhas no bairro de Balat, em Istambul.
A remodelação urbana é uma das características da gentrificação.

A gentrificação é um processo caracterizado pela valorização de determinada área urbana. Essa valorização ocorre por meio de ações diversas, como reformas urbanas, que implicam o aumento do custo de vida na região. Portanto, há uma mudança no perfil dos moradores dessas localidades, no geral marcado pela chegada de pessoas com maior poder aquisitivo. A gentrificação tem como grande consequência o crescimento da desigualdade socioespacial nas cidades. Assim, esse é um processo urbano bastante criticado, especialmente em razão do seu caráter elitista.

Leia também: Favelização — a formação de aglomerados habitacionais compostos por moradias irregulares

Resumo sobre gentrificação

  • A gentrificação é um processo socioespacial marcado pela valorização de uma área urbana.

  • O processo de gentrificação ocorre devido ao aumento do custo de vida em zonas que passaram por uma valorização socioespacial.

  • A origem do termo gentrificação está ligada aos estudos sociológicos da pesquisadora britânica Ruth Glass (1912-1990).

  • São pontos que influenciam no processo de gentrificação a realização de reformas urbanas e a organização de eventos turísticos.

  • As principais consequências da gentrificação são a segregação socioespacial das cidades e o aumento da desigualdade social.

  • A valorização das áreas urbanas implica, muitas vezes, o crescimento urbano descontrolado e a ocorrência de impactos ambientais.

  • O processo de gentrificação pode ser atenuado por meio da ação de medidas de planejamento urbano e promoção à habitação.

  • A construção de polos de tecnologia na Baía de São Francisco (Estados Unidos) é um exemplo de gentrificação no mundo.

  • No Brasil, destacam-se como exemplos de regiões que passaram pelo processo de gentrificação o Parque Olímpico (Rio de Janeiro) e o Vale do Anhangabaú (São Paulo).

O que é gentrificação?

A gentrificação é o termo que designa o processo de segregação socioespacial vivenciado em áreas urbanas, caracterizado pela valorização acentuada de determinada área, que culmina na saída de moradores antigos em razão do aumento local do custo de vida.

→ Videoaula: O que é gentrificação?

Como ocorre o processo da gentrificação?

O processo de gentrificação ocorre por meio de melhorias nas estruturas urbanas, especialmente na infraestrutura física mas também nos âmbitos social e econômico, atingidos pela valorização de determinada área urbana.

Essa valorização urbana gera uma de atração novos moradores para a região, no geral com maior poder aquisitivo, e, em contrapartida, uma repulsão de moradores antigos, que não conseguem acompanhar o aumento do custo de vida.

Origem da gentrificação

O conceito de gentrificação foi criado pela socióloga britânica Ruth Glass (1912-1990) para designar as transformações socioespaciais ocorridas em Londres a partir da segunda metade do século XX.

Os estudos produzidos pela referida pesquisadora analisavam a valorização de antigos bairros operários londrinos, que, mediante um processo de reforma urbana, atraíam novos moradores de classes mais abastadas, ao mesmo tempo que repulsavam os moradores mais antigos, tradicionalmente de origem imigrante e operária.

Quais são as causas da gentrificação?

O processo de gentrificação é bastante complexo e está diretamente vinculado à valorização imobiliária de uma área, com destaque para as esferas econômica e social, alinhada com a melhoria das infraestruturas urbanas.

Nesse contexto, são causas da gentrificação:

  • realização de reformas urbanas;

  • aumento da especulação imobiliária;

  • investimento em infraestrutura urbana;

  • crescimento do fluxo de turistas.

Quais são as consequências da gentrificação?

A gentrificação é um processo que tem como consequência central a segregação socioespacial das cidades, visto que há a formação de uma zona com melhores estruturas e maior poder aquisitivo, em detrimento de outras áreas, notadamente atreladas às classes populares.

Desse modo, são consequências da gentrificação:

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Críticas à gentrificação

A gentrificação é criticada especialmente pelo seu caráter segregador, considerando que as classes mais baixas, muitas vezes ligadas à história da construção de determinadas zonas urbanas, não têm condições econômicas de acompanhar o processo de valorização dessas áreas.

Portanto, há um processo de exclusão espacial e social, marcado pelo aumento substancial do custo de vida e pela consequente repulsão de população das áreas mais valorizadas das cidades, em direção especialmente às zonas periféricas.

A gentrificação gera uma ampla desigualdade socioespacial nos centros urbanos, aumentando a vulnerabilidade social das populações, assim como os problemas ambientais nas cidades, situações que vão desde ao aumento da violência até o adensamento de trânsito.

Contraste entre edifícios modernos e a favela de Paraisópolis, em São Paulo. Exemplo de gentrificação na cidade.
A gentrificação amplia a desigualdade socioespacial nos centros urbanos.

Gentrificação e meio ambiente

A gentrificação, como todo processo urbano, gera impactos no meio natural. A valorização das áreas urbanas implica, muitas vezes, o crescimento urbano descontrolado, cenário que incorre em diversos impactos ambientais, como o aumento da poluição, a canalização de rios, a impermeabilização do solo, a remoção da vegetação nativa, entre outros. Desse modo, além das consequências econômicas e ambientais, a gentrificação gera problemas ambientais para as cidades, aumentando a degradação do espaço natural nos grandes centros.

Possíveis soluções para a gentrificação

A gentrificação é um processo intimamente ligado aos interesses do mercado econômico, tanto público quanto privado, na valorização de determinadas áreas da cidade.

Nesse contexto, são medidas possíveis para a atenuação desse processo:

  • implementação de planejamentos urbanos inclusivos;

  • promoção de conjuntos habitacionais populares;

  • investimento em projetos de habitação residencial;

  • manutenção de espaços públicos de lazer.

Gentrificação x revitalização

A gentrificação, muitas vezes, é confundida com o termo revitalização, pois ambas trabalham com a ideia de modernização dos espaços urbanos. Porém a revitalização está focada somente na melhoria das estruturas urbanas locais, não estando assim ligada ao processo de exclusão de uma população em razão do aumento do custo de vida. Já quando a revitalização vem acompanhada de um processo de exclusão social e econômica, baseada na repulsão da população local, ela é chamada de gentrificação.

Revitalização urbana em uma rua do bairro Bo Kaap, na cidade do Cabo, na África do Sul.
A gentrificação, muitas vezes, é resultado de um processo de revitalização urbana. [1]

Gentrificação no mundo

A gentrificação é um processo global que se iniciou de forma acentuada nos países mais desenvolvidos, como a Inglaterra e os Estados Unidos, e vem mais recentemente atingindo as nações menos desenvolvidas e emergentes, como China e Brasil.

Nesse contexto, são exemplos característicos do processo de gentrificação no mundo:

  • construção de polos de tecnologia na Baía de São Francisco (Estados Unidos);

  • remodelação da região de Barnsbury após a Segunda Guerra (Inglaterra);

  • implantação de uma rodovia subterrânea em Boston (Estados Unidos);

  • transformação urbana implementada na região de Puerto Madero (Argentina).

Gentrificação no Brasil

O Brasil vivenciou, ao longo do tempo, vários processos de gentrificação, especialmente nos maiores centros populacionais do país, como São Paulo e Rio de Janeiro. Tradicionalmente, os processos de gentrificação no Brasil são impulsionados por meio de grandes reformas urbanas, aumento do turismo e realização de grandes eventos.

São exemplos de localidades que sofreram um processo de gentrificação no Brasil os seguintes:

  • Cidade Olímpica (Rio de Janeiro);

  • Favela do Vidigal (Rio de Janeiro);

  • Pelourinho (Salvador);

  • Cais José Estelita (Recife);

  • Avenida Água Espraiada (São Paulo);

  • Vale do Anhangabaú (São Paulo).

Veja também: Problemas da urbanização — quais são eles?

Exercícios resolvidos sobre gentrificação

Questão 1

(IFPR)

Reparar que a grama do vizinho é mais verde nem sempre indica inveja. Para o sociólogo Kenneth Gould, pode ser um atestado de gentrificação. “A ironia é que a indústria ecológica cria espaços urbanos sustentáveis e é socialmente insustentável”, diz o diretor do programa de sustentabilidade urbana do Brooklyn College, da Universidade da Cidade de Nova York. Pense numa vizinhança deteriorada que ganha parque, ciclovia de “primeiro mundo” e comércio “natureba”. Quem não iria querer morar lá? O problema é que o mercado imobiliário provavelmente chegou à mesma conclusão que a maioria das pessoas. Com tanta procura, os preços disparam. Os incomodados (em geral, da classe C para baixo) que se mudem.

Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/06/1780795-industria-verde-expulsa-morador-mais-pobre-dizsociologo.shtml>. Acesso em: 20 ago. 2017.

O processo de gentrificação relatado na reportagem é excludente. Assinale a alternativa que apresenta os excluídos desse processo.

A) Moradores que não defendem as ideias ambientalistas.

B) Pessoas idosas, ao privilegiar espaços destinados aos jovens.

C) Pessoas com necessidades especiais, devido à falta de preocupação com a acessibilidade.

D) Moradores de baixa renda, devido à valorização dos imóveis na região gentrificada.

Resolução:

Alternativa D

Os moradores de baixa renda são tradicionalmente excluídos do processo de gentrificação, visto que eles não possuem condições financeiras adequadas para acompanhar o processo de valorização dessas áreas.

Questão 2

(Cecierj)

Tendência de revalorização da área central da cidade do Rio de Janeiro

Esse objetivo vincula-se ao propósito de tentar requalificar o espaço urbano do centro do Rio de Janeiro mediante a sua valorização mais simbólica-subjetiva, para, depois, atingir uma valorização mais objetiva-econômica que permita, que as forças do mercado deem mais vigor e autonomia ao processo.

Santana, F e Duarte, R. Rio de Janeiro: Estado e Metrópole. São Paulo: Ed. Do Brasil, 2009. p.193.

Esse processo em curso é chamado de gentrificação e provoca impactos socioespaciais que contribuem com

A) a substituição da população residente por classes sociais de maior poder econômico.

B) a democratização do uso do espaço público e acesso à infraestrutura e moradia.

C) a ampliação das áreas destinadas às moradias populares nos moldes europeus.

D) a valorização da cultura e reafirmação da identidade afro-brasileira na região central.

Resolução:

Alternativa A

A gentrificação tem como consequência negativa a expulsão das populações tradicionais locais, que não têm condições financeiras de acompanhar a valorização de determinada região, e, ainda, a chegada de novos moradores, com maior poder aquisitivo.
 

Crédito de imagem

[1] A. Mertens / Shutterstock

Publicado por Mateus Campos
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