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Líquens

Os líquens são organismos formados pela associação entre fungos e algas e/ou cianobactérias.
Líquens em um galho de árvore.
Os líquens são organismos originados pela associação de fungos e algas e/ou cianobactérias.

Os líquens são formados pela associação simbiótica entre fungos e algas e/ou cianobactérias. Essa relação única compreende um micobionte (fungo) e um fotobionte (organismo fotossintetizante, que pode ser uma alga ou cianobactéria), sendo que o fotobionte constitui uma pequena porção do líquen e é completamente envolvido pelo tecido do fungo, organismo predominante na associação.

Os líquens podem se apresentar em uma diversidade de cores e tamanhos, além de habitar diversos ambientes, muitos deles com condições extremas. Esses organismos também são importantes indicadores da qualidade do ar devido à sua extrema sensibilidade à poluição atmosférica. Sua ausência em uma região ou alterações morfológicas em sua estrutura são evidências diretas da presença de poluentes, como óxidos de nitrogênio e enxofre, que são absorvidos rapidamente e afetam a sua sobrevivência. 

Leia também: Mutualismo — detalhes sobre a relação harmônica interespecífica que leva à formação dos líquens

Resumo sobre os líquens

  • Os líquens são organismos originados pela associação mutualística entre fungos e algas e/ou cianobactérias.
  • Podem ser classificados como: crostoso, folioso ou fruticoso, dependendo do tipo de crescimento que apresentam.
  •  O fungo que os compõe é denominado micobionte, enquanto o componente fotossintetizante é denominado fotobionte.
  • São formados por meio de um processo de liquenização
  • Podem se reproduzir por fragmentação, pela formação de propágulos ou por projeções chamadas isídios.
  • São capazes de sobreviver em diversos ambientes, muitos deles extremos.
  • Apresentam-se em tamanhos, formas e cores variadas.
  • São bastante sensíveis à poluição atmosférica e funcionam como monitores da qualidade do ar.

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O que são líquens?

Os líquens são organismos resultantes da associação simbiótica mutualística entre fungos e algas e/ou cianobactérias). O mutualismo é um tipo de relação entre organismos de duas espécies diferentes, em que os dois lados são beneficiados por tal relação. A grande maioria dos fungos encontrados na associação é de ascomicetos, enquanto as algas mais comuns encontradas são as clorofíceas. A associação entre algas e fungos por meio dos líquens foi e é muito importante para permitir que organismos fotossintetizantes se estabeleçam em ambientes terrestres previamente áridos.

Existem várias espécies de líquens diretamente relacionadas às espécies de fungo que os compõem, dessa forma, o nome científico de um líquen é o mesmo nome do fungo que o forma. São cerca de 13.500 espécies de fungos que se associam com 40 gêneros diferentes de algas e/ou cianobactérias, formando os líquens.

Tipos de líquens

Existem dois tipos de líquens, que apresentam uma pequena diferença quanto à organização do talo. Em um tipo, as células do fotobionte, isto é, da alga ou cianobactéria, estão distribuídas de maneira mais uniforme por todo o talo. No segundo tipo, essas células formam uma camada específica dentro do talo. O segundo tipo de líquen é conhecido como líquen estratificado, pode ter três tipos diferentes de crescimento, e é classificado em: crostoso, folioso e fruticoso.

  • Líquen crostoso: é achatado e se adere firmemente ao substrato, tendo aparência semelhante a uma “crosta”.
Líquen crostoso, um dos tipos de líquens, crescendo sobre rocha.
Líquen crostoso crescendo sobre rocha.
  • Líquen folioso: sua aparência se assemelha a uma folha.
O líquen folioso, um dos tipos de líquen, se assemelha a lâminas de folha.
O líquen folioso se assemelha a lâminas de folha.
  • Líquen fruticoso: cresce de forma ereta e é ramificado, com aspecto arbustivo.
Líquen fruticoso, um dos tipos de líquens, sobre tronco de árvore.
Líquen fruticoso sobre tronco de árvore.

Veja também: Qual é a classificação dos fungos?

Estrutura dos líquens

O líquen é formado por um fungo associado a uma população de algas unicelulares ou filamentosas e/ou de cianobactérias. O fungo que compõe o líquen é denominado micobionte, e o componente fotossintetizante, isto é, as algas ou cianobactérias, é denominado fotobionte. 

Nos líquens, as algas normalmente constituem uma porção muito pequena, de 5-10% da massa do organismo, e são completamente envolvidas pelos tecidos do fungo. O fungo, por sua vez, constitui a maior parte do talo e é o que determina a forma do líquen.

Formação dos líquens

Os líquens são formados por um processo de liquenização, que nada mais é do que a associação entre o fungo e a alga e/ou a cianobactéria. Nesse processo, as hifas do fungo aderem estreitamente à parede celular do fotobionte. Por meio dessa conexão, o fotobionte transfere carboidratos e compostos nitrogenados para o fungo. Por sua vez, o fungo proporciona ao fotobionte um ambiente físico apropriado e protegido para que ele possa se desenvolver, absorvendo os nutrientes necessários por meio do ar e da chuva.

Principais características dos líquens

→ Reprodução dos líquens

A reprodução dos líquens pode ser por simples fragmentação via produção de propágulos denominados sorédios ou por pequenas projeções denominadas isídios. Os fragmentos do líquen, os propágulos e os isídios possuem tanto as hifas do fungo como as algas ou cianobactérias que são dispersadas pelo ambiente como forma de estabelecer o líquen em um novo local.

→ Ecologia dos líquens

Os líquens são capazes de sobreviver em diversos ambientes, muitos deles com condições bastante adversas à vida, distribuindo-se desde ambientes desérticos e áridos até áreas árticas. Também são capazes de prosperar em solos desprovidos de vegetação, troncos de árvores e até mesmo rochas. Com frequência, os líquens são os primeiros organismos a se instalarem em regiões rochosas recém-expostas.

Apesar de serem amplamente distribuídos, os líquens normalmente ocorrem em substratos específicos, como as superfícies ou o interior das rochas, o solo, as folhas ou os troncos de árvores.

→ Cores e tamanhos dos líquens

Líquen vermelho, um exemplo da variação de cor dos líquens.
Os líquens podem ter cores variadas.

Os líquens apresentam cores e tamanhos diversos. Alguns são muito pequenos e praticamente invisíveis a olho nu, outros podem cobrir grandes extensões de terra e crescerem até a altura dos tornozelos, como é o caso dos musgos-das-renas, que não são musgos, e sim líquens. São diversas as cores que os líquens podem apresentar, variando desde brancos e pretos até tons de vermelho, laranja, marrom, amarelo e verde.

Saiba mais: Quais são as semelhanças entre as plantas e as algas verdes?

Importância dos líquens

Os líquens são organismos muito sensíveis à poluição atmosférica e por isso são utilizados como indicadores da qualidade do ar, uma vez que não sobrevivem em ambientes muito poluídos. Diversas espécies de líquens são sensíveis aos óxidos de nitrogênio e enxofre, substâncias constantemente presentes, em maior ou menor grau, na atmosfera próximo às áreas industriais, o que afeta diretamente a sobrevivência desses organismos nessas regiões.

Os líquens não possuem estomas nem cutícula, o que significa que os gases poluentes são diretamente absorvidos e difundidos rapidamente pelo organismo, afetando diretamente sua vitalidade como também produzindo alterações morfológicas características, como a inibição do seu crescimento.

A presença de poluentes na atmosfera gera alterações na estrutura dos líquens, dessa forma, eles podem ser utilizados para monitorar a qualidade do ar. Isso pode ser feito porque a concentração de poluentes na atmosfera afeta diretamente a abundância dos líquens em uma região, assim como a extensão de sua cobertura e a diversidade de espécies de líquens que ali existem.

A análise desses fatores permite definir o nível de poluição atmosférica e seu impacto na saúde do ecossistema local. Da mesma forma, a ausência desses organismos é um grande indicativo de que existe um desequilíbrio no ecossistema devido à poluição gerada por atividades humanas. Nesse sentido, os líquens funcionam como verdadeiras “sentinelas ambientais”, porque assumem uma posição importante na monitorização da qualidade do ar de determinada região.

Curiosidades sobre os líquens

  • Muitos líquens são utilizados para a obtenção de corantes para o tratamento de lãs e fabricação de roupas, por exemplo.
  • Os líquens também são utilizados para a produção de remédios, perfumes e como fontes de alimentos.
  • Espécies de líquens têm sido estudadas por apresentarem propriedades antitumorais.

Fontes

EVERT, R.; EICHORN S. Raven - Biologia Vegetal. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

MARTINS, S.; KÄFFER, M.; LEMOS, A. Liquens como bioindicadores da qualidade do ar numa área de termoelétrica, Rio Grande do Sul, Brasil. Hoehnea, v. 35, p. 425-433, set. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/hoehnea/a/FBZL4Qh8fKjBmgL6DwsnLsJ/?format=pdf&lang=pt.

Publicado por Nicole Fernanda Sozza

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